Este livro estuda o Juizado Especial Cível, instituições do sistema de justiça responsável por causas cíveis consideradas de menor complexidade. Sem se limitar à análise doutrinária, o trabalho explicita o funcionamento do juizado por meio de um rigoroso exercício de observação – sobretudo da dinâmica das audiências de conciliação – realizado na cidade de São Paulo. A leitura do texto possibilita mesmo ao leitor leigo, acompanhar os meandros processuais dessa iniciativa que se pretende inovar, orientada pela oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade. A análise crítica permite vislumbrar as ambiguidades dessa modalidade de justiça alternativa para além das promessas doutrinárias. Embora as característica específicas do Juizado. As audiências de conciliação, paradoxalmente, não abrem espaço para a discussão de direitos. O “acesso à justiça”, por seu turno fica limitado somente à violação de alguns direitos e desde que o interessado aceite enquadrar seu pedido nos parâmetros pré-fixados institucionalmente. A arbitrariedade de atuação dos conciliadores, bem como a condução dada pelos juízes às audiências de instrução e de julgamento, ao menos nos casos analisados acaba reforçando as assimetrias de poder entre as partes.