Modos de produção da vida: o ensino de Ciências e a teoria do valor de Marx, de Márcio Rolo, tem como foco de estudo a teoria do valor de Marx, que explica porque o capital, como relação social de produção histórica, precisa, para garantir seu funcionamento, provocar a alienação do ser humano em relação ao trabalho e à natureza, e explorar, ao limite de sua própria autodestruição, todas as forças naturais, incluída nelas a força humana de trabalho. O autor aprofundou a discussão sobre a concepção de ensino de ciência e de conhecimento que está em disputa tanto na formação docente quanto na educação desde a infância: na manutenção das relações sociais que produzem a exploração e a desigualdade ou que concorrem para sua superação. Em defesa da apropriação desalienada do conhecimento científico para a emancipação da humanidade, o autor parte da concepção materialista e dialética da história e do princípio educativo do trabalho para a formulação de uma compreensão profunda do ensino da ciência a partir da centralidade do trabalho. Nesta perspectiva, seria possível restabelecer a unidade perdida entre a produção da vida e a produção do conhecimento, centro da disputa em curso no interior das relações sociais capitalistas hoje, na construção de um novo modo de produção e de uma escola socialista do trabalho.

Esta obra está dividida em quatro capítulos: nos dois primeiros capítulos, o autor parte de uma análise científica do trabalho e, em seguida, das visões antagônicas de sociedade e a natureza da crise estrutural do capitalismo; no terceiro, o autor apresenta a teoria do valor-trabalho de Marx como chave central da análise, que relaciona os capítulos anteriores e o último. Ao longo de sua obra, o autor defende a escola do trabalho de perspectiva socialista para a compreensão científica do trabalho humano, afirmando o trabalho como “objeto, por excelência, do ensino de ciência”, mediada ou dinamizada pelo estudo da teoria do valor-trabalho. Este livro dialoga com as escolas que têm buscado inserir organicamente o trabalho social produtivo no seu plano de estudos e debate sobre a produção da ciência e a educação científica nos diferentes níveis e áreas da educação escolar, assim como nos processos de formação humana.

Uma leitura necessária nos cursos de formação de docentes em geral, nos cursos de graduação e pós-graduação de diferentes áreas, em especial os de ciências naturais, sociais e agrárias. Um livro para chegar às mãos de pessoas que militam em organizações populares pela superação das relações sociais de produção capitalistas, que a cada crise própria de seu ciclo histórico, tornam a vida em nosso planeta cada vez menos sustentável e viável. Enfim, um convite para uma reflexão profunda sobre a questão colocada pelo autor: “Como refazer, nas circunstâncias com que nos defrontamos no presente, o elo entre trabalho e conhecimento perdido há séculos atrás?”.