APÓS RECEBER A COMUNICAÇÃO DO DESAPARECIMENTO DOS PAIS, Matias, 22 anos, estagiário de jornalismo, precisa voltar para a casa onde cresceu. Não passa muito tempo até que, contando com ajuda da vizinha, tenta resolver esse desafio, o que parece cada vez mais distante por causa do estado mental confuso do rapaz e as pistas estranhas encontradas pelo caminho: vários diários de escrita do pai fora de ordem cronológica e diversas partituras de uma sinfonia intitulada “As quatro estações” composta pela mãe parecem mais o labirinto do fauno. Assim, o livro “O inverno da alma de Matias” não é apenas uma história a respeito de um rapaz em um verdadeiro caos labiríntico. Trata das consequências do abandono parental, revelando verdades sombrias e ocultas: a de que o silêncio sobre assuntos importantes da vida pode provocar mais problemas do que soluções e a de que um trauma pode se seguir a outro num ciclo infinito. E o fato de o próprio autor ter passado por uma situação de ausência paterna até a morte do pai é um elemento fundamental para a veracidade e visceralidade da escrita, atingindo jovens feridos por essa chaga social, a da dor por não ser visto, por não ser compreendido por pessoas que mais se ama e admira e das quais por isso mesmo se criam expectativas de auxílio na compreensão a respeito das respostas para os problemas enfrentados nos relacionamentos humanos. O inverno da alma de Matias tem um tom sombrio, angustiante, exatamente como tem de ser em situações assim, mas, ao mesmo tempo, traz situações de alívio, tal como a descoberta do amor de Matias por uma pessoa e pela música, retratando não só o drama psicológico provocado por circunstâncias dessas, mas, também, a esperança por soluções possíveis.